A próxima quinta-feira, 23 de março, será de intensa atividade na Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ). Serão quatro eventos simultâneos, entre exposições de artes visuais, lançamento de um novo programa do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS) e a abertura de mais uma ocupação do Projeto Vitrine, em parceria com o RS Criativo.

A movimentação começa a partir das 17h, com a inauguração da exposição Arpilleras: Bordando a resistência, no Espaço Evelyn Ioschpe (5º andar). A mostra, realizada pela CCMQ em parceria com o Centro de Desenvolvimento da Expressão (CDE), apresenta bordados confeccionados com a técnica conhecida como Arpillera, originária do Chile, que retrata temas sociais por meio de costuras feitas com retalhos. A exposição traz ao público 15 peças feitas por brasileiras que integram o coletivo de mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Há uma década o movimento utiliza a técnica para dar voz à vida das mulheres e aos problemas relacionados à vida dos grupos que vivem nas proximidades dessas áreas. As causas retratadas são várias: o impacto e os perigos que as barragens trazem às pessoas que vivem no seu entorno, a contaminação e a falta de acesso à água potável, a violação dos direitos das mulheres. O processo de criação das peças é coletivo. O encontro para costurar é um momento de troca, diálogo e debate. A partir de uma discussão inicial, escolhe-se o tema que ganhará voz através da arpillera.

Já no térreo da casa, as atividades começam a partir das 18h, com o lançamento do Programa Acervo em Foco, do MACRS, e a inauguração da nova ocupação do Projeto Vitrine.

A obra Tetas que deram de mamar ao mundo (2019), de Lídia Lisbôa, pertencente ao acervo do Museu, será apresentada no espaço Marilene Bertoncheli. A atividade marca o início do Programa Acervo em Foco, que tem como objetivo democratizar, dar visibilidade e protagonismo ao acervo artístico do MACRS.

O novo programa é um conjunto de ações divididas em três eixos principais: aquisição, difusão e pesquisa e educação e acessibilidade. Buscando a integração de todos os setores do Museu em uma política institucional que visa otimizar as atividades realizadas pelos núcleos da instituição, focando na produção intelectual das equipes e no acervo, a fim de cumprir a missão do museu de “promover, pesquisar e incentivar o pensamento e a produção contemporânea em artes visuais, de forma a preservar e proteger seu acervo para que este seja reconhecido como um patrimônio relevante para a pesquisa e para os processos acessíveis de aprendizado em arte e cultura”.

Nas ações de aquisição tem por objetivo estabelecer diretrizes de política de aquisição, definidas pelo Comitê de Curadoria e Acervo, focando na diversidade e no projeto MACRS+D, o qual visa a aquisição de obras de artistas negros/as, indígenas e transgênero. As ações de difusão e pesquisa buscam dar visibilidade realizando exposições com obras do acervo e fomentando projetos curatoriais. Já na pesquisa a catalogação digital do Acervo no repositório Tainacan e na aplicação do método REORG nas Reservas Técnicas do MACRS. No eixo de ações de educação e acessibilidade tem como finalidade a realização de atividades educativas que dialoguem com o Museu e com os seus públicos, apresentando palestras, seminários, oficinas e debates acerca das obras do acervo. Além disso, apresentar expografias acessíveis e formas de acessibilidade que atendam todos os públicos.

Na sua primeira atividade com o selo Acervo em foco, o MACRS convida o público a refletir e problematizar questões acerca da construção histórica e social do que é “ser mulher”. A obra Tetas que deram de mamar ao mundo (2019), de Lídia Lisbôa, será o ponto de partida para esse debate.

No Projeto Vitrine, a curadora convidada, Carolina Grippa, apresenta Entre Linhas, uma seleção de seis artistas que têm em comum o uso de técnicas têxteis no cerne de sua produção. A escolha foi pensada para dialogar com a obra de Lídia Lisbôa, instalada na sala ao lado.

Luzia dos Santos Soares borda trabalhos carregados de sonhos, evocados por cores e texturas. Elair da Fontoura, trabalha só com nós, olha para sua ancestralidade e cria suas próprias bonecas Abayomi. As duas descobriram o bordado na Oficina de Criatividade do Hospital Psiquiátrico São Pedro. Gabriel Pessoto pesquisa o trânsito de imagens entre mídias digitais e analógicas e do têxtil ao GIF. Guilherme Robaski se interessa por práticas tradicionais e manuais. Mitti Mendonça, motivada pela convivência com suas tias bordadeiras de carnaval, tem uma pesquisa que perpassa a ancestralidade, memória e afeto.

Com poéticas, misturas de materiais e proposições distintas, o conjunto apresentado nas salas envidraçadas da CCMQ apresenta a multiplicidade do têxtil e suas potencialidades, experimentadas pelos artistas por diferentes trajetórias e memórias. O Projeto Vitrine é uma iniciativa da CCMQ e do RS Criativo – programa da Sedac voltado à economia criativa –, e vem, desde maio de 2021, dando visibilidade e geração de renda para coletivos de artistas e artesãos.

Às 18h, no Jardim de Inverno (localizado no mezanino do Prédio Gasômetro), ocorre a abertura da 6ª edição do projeto Espaço-Experimento com a exposição Terra úmida em chão de asfalto, uma proposição instalativa dos artistas Luísa Prestes e Wagner Mello.

Serviço

Casa de Cultura Mario Quintana

Rua dos Andradas, 736, Centro Histórico, Porto Alegre

Visitação de terça a domingo, das 10h às 20h

Arpilleras: Bordando a resistência

Local: Espaço Evelyn Ioschpe (5º andar)

Abertura: 17h

Programa Acervo em Foco – MACRS

Tetas que deram de mamar ao mundo, obra de Lídia Lisbôa

Local: espaço Marilene Bertoncheli (térreo)

Abertura: 18h

Projeto Vitrine: Entre Linhas, curadoria de Carolina Grippa

Horário de funcionamento: de sexta à domingo, das 14h às 18h

Local: térreo

Abertura: 18h

Projeto Espaço-Experimento:

Terra úmida em chão de asfalto, de Luísa Prestes e Wagner Mello

Local: Jardim de Inverno (mezanino do prédio Gasômetro)

Abertura: 18h